Difícil escrever esta postagem... É uma postagem para mostrar meu último trabalho artesanal feito no ano de 2016... Difícil porque todas as postagens eu conto, narro, apresento uma história, mesmo que singela, pequena, boba, divertida, sensacional... A história de hoje para falar deste bordado é sobre uma parte de mim.
Poucos sabem, pouquíssimos a verdade, agora que estou conseguindo falar mais sobre o assunto.
2016 foi um ano excelente, descobri coisas que nem eu sabia que podia fazer, recebi noticias maravilhosas, empolgantes, me senti capaz de muitas coisas que achava que não seria, mas também teve seus momentos de queda, tive que entender e aprender a me cuidar mais. Pela primeira vez tive fazer fisioterapia porque a coluna e o tornozelo gritaram e gritam até hoje, tive que fazer um tratamento com remédios fortes porque eu queria realizar um sonho, tive que começar a tratar psicologicamente com a minha querida psicóloga Márcia Badaró porque minha cabeça não estava aguentando tudo que passava por ela, muita informação, muita cobrança, muita pressão, muito remédio, muito estresse para uma pessoa com apenas 29 anos. EU estava me cobrando demais por coisas que não dependia só de mim, EU estava me massacrando por coisas que não conseguia fazer sozinha, EU estava me estressando. 1 ano todinho de cobrança por mim mesma, achando que tinha que carregar todos e tudo nos ombros. Resultado: tudo em mim começou a reclamar: tornozelo, coluna, cabeça, ovários, estomago etc.
E a única coisa que eu falava era: acaba logo 2016, acaba logo, por que não aguento mais. E na verdade não estava aguentando mais não era o ano de 2016, era EU mesma! Difícil entender e falar isso, mas hoje consigo falar, graças a Deus, com os olhos cheios de lágrimas, mas falo, porque simplesmente APRENDI.
Eis então que chega dezembro com várias novidades.
Primeiro: fui convocada pra tomar posse de um cargo de professora de Matemática no Estado de MG que prestei concurso em 2011. Aceitei, larguei meu primeiro emprego na contabilidade que trabalhei por 10 anos.
Segundo: no dia 12/12/2016 passei mal e fui ao hospital, sozinha, pois meu marido estava prestando serviço no Pará, descobri numa noite chuvosa que estava grávida. GRÁVIDA. Um sonho que estava se realizando, esperávamos por isso a 1 ano e meio. Ficamos muito felizes, Vitor estava doido para vir embora, e ele chegou no dia 20/12. Foi aí que tive ideia de fazer a primeira pecinha pra meu baby, para surpreender o futuro papai... Fiz o primeiro body. E ele ganhou outros presente das amigas Karine e Rosilene e até da minha mãe.
Mas Deus sabe de tudo, me mostrou todas as possibilidades, tudo que eu poderia e posso fazer e ter, sem medo, sem culpa e sem cobrança. TUDO TEM A HORA CERTA.
Terceiro: no dia 25/12/2016, Natal, eu acordei com um sangramento, tive um aborto espontâneo. Meu corpo não aceitou e expulsou, pois deve ter reconhecido que o feto teria uma má formação e a natureza agiu, a explicação mais lógica que o médico me deu, ou a explicação que eu entendi e quis aceitar. Tanto faz. Hoje eu estaria com mais ou menos 6 meses. Mas não podia ser assim, pois eu receberia mais notícias logo em seguida.
Quarto: Vitor foi chamado para trabalhar na Bahia, agora poderíamos ver "juntos", sem viagens constantemente, sem eu ter que ficar sozinha. Só tínhamos que nos mudar. "Você quer ir amor? Se você não quiser, não vamos!" Dessa novidade é o que eu lembro. Hoje, moro no sul Bahia, longe da família, dos amigos, dos desejos que eu tinha em Ipatinga. Larguei o concurso e vim ser feliz, na Bahia? Sim, estou amando a minha atual cidade, fui e ainda sou muito bem recebida por todos aqui.
Tenho um quintal com borboletas, passarinhos, lagartas e formigas para cuidar, tenho tempo para cuidar de mim e do meu marido, tempo para cozinhar, para cuidar da casa, para varrer a calçada, tempo para ser criativa, para trabalhar com as mãos e a cabeça ao mesmo tempo, tempo para meus bordados, tempo para ser feliz e rir todos os dias e principalmente, NÓS temos tempo para vivermos felizes juntos e criar novos desejos aqui na Bahia.
As perdas?
Foram muitas, mas foi tudo minimamente entendidas e aceitas. Temos que passar por desafios, por lutas, e vencer isso tudo para sermos felizes.
Hoje paro para pensar em tudo que aconteceu, nessa história toda que contei acima, e vejo que eu tinha que viver isso pra dá valor, pra respeitar, pra aceitar os fatos da vida. Entendi que assim era melhor, pois eu tinha que viver uma mudança física, mental e ambiental.
Então, o texto ficou longo para mostrar apenas uma foto, um simples mimo do meu primeiro filho com uma frase de carinho para o papai.
Continuarei guardando sim, por mais que muitos julguem, mas é parte da minha história, e meu futuros filhos irão usar este e os outros presentes também. Como acontece em várias famílias, as roupas dos mais velhos são usadas nos mais novos. Então, por que não? Na hora certa isso irá acontecer...